“Comigo, Bella, não contra mim”, sussurrei em seu ouvido quando ela se moveu freneticamente contra meu corpo para alcançar a satisfação que eu estava lhe negando. Ela ofegou e abriu os olhos, mostrando mais uma vez aquela coloração escura que denunciava a extensão de seu desejo. Ela me abraçou com força e retribuí o abraço, ao mesmo tempo em que separava meu corpo do dela, e a virava de costas para mim, de lado, para mais uma vez preenchê-la, e retomar a exploração.
Não sei como consegui prolongar aquilo por tantas vezes; sabia que era uma tortura para ela, bem como para mim, mas o controle vinha fácil nos momentos em que ela beirava o êxtase, e se esvaía nas horas em que eu me aproximava. Nessas horas eu me esquecia quem era, e existia apenas o meu corpo entrando e saindo do dela, seu cheiro, seu hálito, seu sabor, sua pele contra a minha, o calor que dela emanava continuamente, apagando o frio do meu corpo. Algumas vezes, quando eu voltava desses estados de ausência, tinha que me certificar de que não a havia mordido ou machucado sem perceber, e ela estava sempre inteira, linda, com a expressão transtornada de prazer, os olhos fechados, como se estivesse também em outro mundo secreto, os lábios inchados pelas mordidas que eu lhe dava. Fui adquirindo confiança, e me deixando levar por mais vezes, permitindo que o caçador que eu era se revelasse. Minha natureza não precisava mais ser negada, eu estava fazendo exatamente o que meu instinto exigia. A expressão “brincar com a comida” passou rapidamente pela minha mente, me provocando um sorriso involuntário. Não deixava de ser uma forma de ver a situação, por menos romântico que fosse. E de certa forma era uma caçada, mas o objetivo final não era alimento e não precisava terminar em morte.
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