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segunda-feira, 6 de setembro de 2010

“Linda”, ela disse, ao perceber que eu olhava para a lua, com sua voz grave e um pouco rouca, mas também era como cristal, com um mínimo toque de ansiedade. Ela também estava com medo. E também não sabia o que esperar. Isso não facilitava as coisas.
“É bonito”, respondi, tranqüilamente, escondendo a tensão, fingindo uma indiferença que eu não sentia. Era o melhor que poderia fazer no momento. Me virei para olhá-la e vi, com uma certa surpresa, que estava nua, os braços cruzados defensivamente sobre os seios, a postura tímida. O luar deixava sua pele pálida e iridescente, causando um contraste indescritível com os cabelos castanhos. Os fios caiam em mechas pelos dois lados do pescoço, emoldurando o rosto. Os olhos estavam expressivos, e vi o brilho nas profundezas escuras que eu tanto amava: amor, desejo, medo, hesitação, expectativa. Como eu poderia corresponder a tantas coisas? Mas ela me olhava em adoração. Eu não tinha como resistir àquele olhar.
“Mas eu não usaria a palavra linda, não com você aqui para comparar”. Era verdade. Sempre foi. Ela ergueu a mão, ainda um pouco timidamente e a levou até meu peito, enquanto sorria. O toque de seus dedos, de sua palma, queimava minha pele, causando uma explosão de calor. Correntes elétricas se espalhavam pelos meus braços até a ponta dos dedos. Seu toque sempre me desconcertava, me levava a um estado de tensão e bem-estar incomparáveis. Ela era fogo para mim. A vida que eu não tinha mais. Senti minha respiração se alterar contra minha vontade, meu corpo estremecer lentamente. Seu cheiro tinha se tornado mais intenso, mais delicado, mais saboroso. Ela ainda era um mistério para mim.
Tantas sensações aumentaram minha prontidão, meu corpo se enrijeceu minimamente. Ela pareceu notar. Aproveitei o momento para tentar mais uma vez prepará-la – e a mim mesmo – para todas as possibilidades. A voz não era mais do que um sussurro.

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