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segunda-feira, 6 de setembro de 2010

[Edward]

Quando nós perdemos o controle, tudo fica vermelho. Tudo vira um infinito de instinto e sensações. Frio, calor, fome, sede, barulho, cheiros, raiva, defesa, ataque, fuga. Qualquer coisa que não esteja entre estas coisas vira um emaranhado de borrões indistintos, e nós ficamos temporariamente incapazes de pensar; a ação e a emoção predominam sobre todas as outras coisas. O raciocínio coerente se esvai, dando lugar à fera que espreita o tempo todo por baixo da superfície civilizada, querendo satisfazer suas necessidades, até conseguir satisfazê-las.
Naquela circunstância não foi um sentimento conhecido e comum que me tirou o controle. Foi algo com o qual eu não estava acostumado a lidar, e que vinha tentando negar sistematicamente nos últimos meses, desde que os momentos a sós com Bella tinham se tornado uma constante: o desejo por ela. Desde que eu a conhecera e descobrira que ela correspondia aos meus sentimentos que eu lutava o tempo inteiro contra a vontade de tocá-la, de sentir meus lábios sobre sua pele. Mas com o passar do tempo, quando eu finalmente aceitara sua presença em minha vida e passara a procurar, aceitar, não temer seu toque, aquilo já não era suficiente para saciar a vontade de tê-la inteiramente. Era sempre com muito esforço que eu me afastava, sempre com uma dor física quase insuportável. Nesses momentos eu tinha medo da reação do meu corpo, que agia de formas inesperadas. Ela sofria muito com aquelas rejeições, mas eu não podia me deixar levar, simplesmente não confiava em mim o suficiente.
Já tinha sido bastante difícil segurar todos os impulsos que haviam me assolado naquela noite, quando eu tomava a maior parte das iniciativas, tentando manter a situação sob controle minimamente, e nisso sua timidez me ajudava. Porém quando ela assumiu o controle eu pude apenas me deixar levar pelo seu toque, e torcer para que eu fosse mesmo merecedor de toda aquela confiança.

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