Quando tudo terminou – e na verdade não tinha terminado, cada pausa era o prenúncio de algo cada vez mais enlouquecedor – a vergonha voltou com mais força e eu tive que me controlar para conseguir olhar para ele. Mas seu olhar desmanchou minha timidez, e consegui conversar de forma minimamente adequada. E agora, aquele desafio. Como eu conseguiria causar nele as mesmas coisas que ele me causara? Eu não tinha coragem nem de longe de fazer o mesmo que ele tinha feito comigo; só de pensar e meu cérebro tinha espasmos. Além disso, as sensações seriam as mesmas para ele? Ele reagira bastante quando estávamos na água; a verdade é que eu ainda não entendia muito bem como funcionava para mim, quanto mais para um vampiro. Inclusive fiquei durante um tempo tentando imaginar como acontecia, já que ele não estava, bem, tecnicamente, vivo, do jeito convencional. Mas a dúvida se desfez nas últimas horas, quando vi que o corpo dele respondia aos meus estímulos de forma muito conveniente. Algum dia talvez eu tivesse coragem de perguntar. Hoje não.
Fiz então o que me pareceu mais certo: parei de pensar, e fiz apenas o que meu corpo tinha vontade. Voltei a beijá-lo devagar, explorando cada centímetro dos lábios gelados, sentindo que ele estremecia em contato com meu calor.
Ao mesmo tempo deslizei a mão por seu corpo; fazendo um caminho parecido com o que ele fizera comigo no chuveiro; nos deitamos lado a lado e enquanto o beijava explorei as costas, o peito, os braços, quadris, ora com as palmas das mãos, ora com a ponta dos dedos. Minhas unhas estavam bem curtas, desejei que estivessem mais compridas, mas depois lembrei que provavelmente ele não sentiria mesmo. Era um dos inconvenientes de ter um namorado vampiro. Mas a sensibilidade dele para outras coisas, principalmente o contato da minha pele, parecia compensar aquela falta.
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