Total de visualizações de página

segunda-feira, 6 de setembro de 2010

Eu a queria com o corpo, com a alma, mas eu queria mais, como uma mariposa eternamente arrastada para a luz, contra sua vontade. Minha boca estava seca, mas o veneno começou a escorrer lentamente das presas, enquanto eu me colava a ela, hipnotizado. Meus olhos perceberam uma artéria pulsando no pescoço, e aproximei meu rosto do local, deitando minha cabeça próxima a seu ombro. Ela se mexeu durante o sono, gemendo. O som não me incomodou nem foi suficiente para me tirar do transe. Eu queria provar seu sangue novamente.
Foi fácil romper a pele do ombro com delicadeza com uma mordida leve, com cuidado, para não contaminar seu organismo. O sangue brotou em pequenas gotas, e eu inspirei profundamente, sentindo o perfume contra o qual eu lutara infinitas vezes me invadindo com a força de um sol. O que eu estava fazendo? Milhões de vozes gritaram dentro de minha mente, mas eu as ignorei, e toquei as gotas com a língua, a princípio gentilmente. Ela se mexeu mais uma vez, e gemeu meu nome. Que sensação ela teria? Mas ela não podia acordar. O que eu estava fazendo? Porque eu tinha concordado com aquilo? Bella despertara tudo aquilo que eu refreava em mim. Tudo.
Com ela eu me tornava completo.
O que aconteceu depois está envolto em uma névoa avermelhada. Não tentei forçar as memórias a voltarem; sei apenas que depois de um tempo bebendo dela vagarosamente eu me vi mais uma vez dentro dela, com as duas coisas acontecendo simultaneamente. O fluxo de sangue cessou, e a ferida mal aparecia em sua pele. Eu não senti a necessidade atroz de continuar como da outra vez, em que havia tomado uma quantidade ainda maior de seu sangue contaminado. Desta vez seu sabor era puro, rico e matizado por todas as mudanças que eu havia causado nela. Nem de longe parecido com o que eu imaginava, porque era infinitamente melhor, mais saboroso, mais intenso... E ela havia me preenchido. Ao mesmo tempo em que eu queimava de raiva por mim mesmo, de angústia, de apreensão... Aquele tinha sido o momento mais belo de toda a minha existência.

Nenhum comentário:

Postar um comentário